1976 - 2020
Mulher amorosa, irmã confidente, avó radiante, tratada como “abelha-rainha”.
Batizada de Nazaré a pedido da avó, que era devota de Nossa Senhora de Nazaré, era chamada de Naza pelos mais próximos. Sempre foi muito afetuosa com todos da família. “Quando meu filho nasceu, ela me ajudou nos cuidados da maternidade. Ensinou a cuidar dele e cuidou de mim também. Foi nosso momento mais íntimo como mulheres e irmãs, nunca vou me esquecer”, conta a irmã mais velha, Edilmary, que lembra da irmã como uma mulher vaidosa, feminina e que colecionava esmaltes. Ambas tinham muita cumplicidade, sempre trocando ideias e confidências sobre assuntos do universo feminino.
Tinha outra irmã, Claudia, e um irmão caçula, Edilson. Foi casada com Francisco Sarmento, numa linda união cheia de afeto por mais de vinte anos. Faziam tudo juntos. O marido diz que Naza era sua grande incentivadora, o grande amor da sua vida, a sua "abelha-rainha".
Muito cedo teve seu único filho, o jovem Bruno, de 26 anos, que a presenteou com o que viria a ser a maior paixão de sua vida: o menino Asafe. O nascimento do bebê fortaleceu sua relação com o filho e ela andava radiante com a chegada do netinho, a quem chamava de "amor da Fofó".
Naza trabalhava como lojista numa distribuidora de descartáveis. No seu tempo livre gostava de ear na orla da Baía do Guajará com a família, sentindo a brisa do rio.
Amorosa também com os animais, sempre teve gatos e, nos últimos tempos, um papagaio chamado Juca. Ativa, tinha uma vida saudável e praticava musculação e muay thai. Uma mulher guerreira e generosa, prestativa com todos ao seu redor. Só queria o bem das pessoas. “Sou eu que te faço forte. Eu sou o teu Deus", eram as frases tatuadas nas costas dela.
Quando pegou a Covid 19, seus irmãos organizaram uma grande corrente de orações nas redes sociais, pedindo por sua saúde e cura. Durante mais de um mês, que foi o período de internação de Naza, mais de duas mil pessoas, de todo o Brasil, enviaram boas vibrações e mensagens de apoio. Esse movimento coletivo de solidariedade ajudou a família a atravessar aquele momento tão difícil. “Ela não teve a cura física, mas pode ser que a transição para um outro plano tenha significado uma cura espiritual”, conclui Edilmary.
Em Belém, que tem por tradição todos os anos o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, com milhares de devotos em procissão, a cerimônia funerária de Naza também foi emocionante e fez jus ao seu nome. Numa ação ecumênica, a família organizou um cortejo e centenas de pessoas vestidas de branco observaram à distância o funeral em seu trajeto pelas ruas da cidade. Quando o cortejo ou em frente à empresa onde ela trabalhava, os colegas de trabalho homenagearam a amiga com aplausos e balões.
Nazaré nasceu em Belém (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 43 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Nazaré, Edilmary Oliveira Dias Teixeira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bettina Turner, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 1 de agosto de 2020.