Sobre o Inumeráveis

Maria de Fátima Cezar dos Santos

1966 - 2020

Com seu coração enorme, ajudava quem precisasse, não importava o horário.

Maria de Fátima acordava bem cedo para ir trabalhar, saía às seis horas da manhã e muitas vezes voltava às dez da noite. Noutras vezes, saía ainda mais cedo, para atuar como a em um hospital na cidade de Aureliano Leal, na Bahia.

Além do companheiro Antônio, tinha a filha Leilane e vários outros filhos de coração. Considerava seu genro, Jefferson, o seu Jeo, como filho também e a neta Hellena, a "Santinha de Vovó", era o seu maior xodó, a sua paixão.

Amava churrasco, estar rodeada por seus muitos amigos e estar perto da água, seja na praia ou em algum rio, a água era uma das paixões dessa mulher que era a alegria aonde chegava. “Dizíamos que ela era sócia dO Boticário, porque tomava banho de perfume”, recorda, sorrindo, a filha Leilane. Gostava também de ouvir as músicas do cantor Pablo e de fazer palavras cruzadas. Tinha medo de trovoadas e também de dormir sozinha.

“Minha mãe era uma guerreira. Não tinha tempo ruim para ela quando o assunto era ajudar quem precisava. O coração dela era enorme. Era uma amiga de verdade. Quando se tratava dos seus então... era uma leoa! Defendia-nos com unhas e dentes”, diz Leilane ao relembrar que, muito antes de sua mãe ser a do hospital, ela já havia prestado trabalhos à comunidade.

Ajudava quem precisasse e não importava o horário. “Minha mãe ajudou tantos e, quando mais precisou, não pudemos fazer nada”, diz Leilane. Um cortejo pela cidade, ao som de sirenes de ambulâncias e de "Canção da América" (música de Milton Nascimento), foi a despedida de Maria de Fátima, a eterna amiga, que agora está guardada debaixo de chaves e dentro dos corações de quem conviveu com sua bondade.

-

Abaixo as palavras do amigo Hugo Henrique para Maria de Fátima:

Uma amiga, uma colega exemplar, uma conselheira, uma mulher do bem. Essa era Maria dos Remédios, "Marião", ou simplesmente, Maria, como muitos a chamavam.

Com seu bom humor e seu jeitão firme nos presenteava com piadas, mas também com a responsabilidade e a vigilância que conduzia o Hospital que dirigia.

Alicerce de sua família, sempre enfrentou com garra os desafios vida. Fez de Leilane uma mulher, que gerou Hellena, seu xodó.

Ela me conheceu criança e eu a via com respeito, como uma tiazona do coração gigante e que, desde sempre, cuidava do povo. No hospital, já homem-feito e médico, ela ainda me protegia, aliás, protegia todos. Uma amiga para todas as horas.

Nossas farras, nossas conversas e nossas resenhas jamais serão esquecidas.

Que anjos te recebam com glórias e que você seja luz!

Maria nasceu em Aurelino Leal (BA) e faleceu em Aurelino Leal (BA), aos 54 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha e pelo amigo de Maria, Leilane Cezar e Hugo Henrique Ribeiro de Almeida. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 23 de outubro de 2020.